François Rabelais

“Science sans conscience n’est que ruine de l’âme”

François Rabelais (1484-1533)

(“Ciência sem consciência mais não é que ruína da alma“)

“Entre todos os grandes autores da literatura mundial, Rabelais é o menos popular, o menos compreendido e apreciado.
E contudo, entre os grandes criadores da literatura europeia, Rabelais ocupa um dos primeiros lugares. Belinski considerava-o um génio, o Voltaire do século XVI, e a sua obra, uma das maiores do passado. Em razão do seu génio literário e da sua importância histórica, críticos e escritores do Ocidente colocam-no imediatamente depois de Shakespeare ou mesmo a seu lado. Os Românticos Franceses, em especial Chateaubriand e Hugo, incluem-no entre os grandes “génios da humanidade”, de todos os tempos e nações. Foi e é ainda considerado não apenas um grande escritor no sentido habitual do termo, mas também um sábio e um profeta.” Na opinião do historiador francês oitocentista, Jules Michelet, “Rabelais colheu e assimilou a força elementar dos saberes populares transmitidos nos antigos idiomas provençais, ditados, provérbios e farsas, da boca de farsantes e palhaços. Mas refractada nas tontarias de bufões, revela-se em toda a sua majestade o génio do tempo e o seu poder profético. Não sendo (Rabelais) um descobridor, ele visionou, prometeu, orientou. Debaixo de cada pequena folha da sua floresta de sonhos, esconde-se o fruto que se revelará no futuro. Toda a sua obra é um ramo de ouro.”[*]”

Fonte: Mikhail M. Bakhtin (1895–1975), “Rabelais and His World”, Indiana University Press (2008) ISBN-13: 978-0-253-20341-0

[*] Na mitologia romana o Ramo de Ouro era um ramo de árvore de folhas de ouro cuja posse permitiu ao herói troiano Eneias, descer em segurança ao mundo dos mortos.