A pandemia de COVID-19 que atinge hoje quase todos os países do mundo tem tido efeitos devastadores na saúde e na vida das pessoas, assim como devastadoras consequências económicas e sociais. Essas consequências não são as mesmas em todos os lugares e também não afectam igualmente os diferentes estratos sociais: são mais dramáticas para os países mais pobres e, em quase todo o mundo, para os mais precários e mais desprotegidos. Onde os conflitos armados mais ou menos dissimulados persistem e onde os embargos são impostos, o sofrimento das populações afectadas é tragicamente agravado.
O estabelecimento de embargos económicos e financeiros fora do quadro das Nações Unidas deve ser condenado. Hoje, tais embargos contra Cuba, Venezuela, Irão ou Gaza, estão a fragilizar as sociedades diante da pandemia e, por isso, são criminosos. Além disso, representam uma ameaça real para o resto do mundo, já que nenhum país estará imune à pandemia enquanto a população de um outro país não tiver os meios para se proteger.
Da mesma forma, as guerras sub-regionais que continuam em força – nalguns casos de forma extremamente destrutiva – como é o caso na Líbia, no Iémen, na Síria, na República Centro-Africana, no Sudão do Sul ou na Somália, ignorando o apelo do Secretário-Geral das Nações Unidas de Março de 2020 para pôr fim aos conflitos armados em todo o mundo, são também um factor importante no aumento do risco de contaminação e empobrecimento das populações das áreas afectadas.
Chegou a hora da comunidade internacional encontrar o caminho para uma cooperação eficaz e capacitar o sistema das Nações Unidas a resolver pela via da negociação as crises e os conflitos que ameaçam o mundo.
É por isso que a FMTC se junta à mobilização de numerosos investigadores, e trabalhadores científicos em geral, bem como de organizações progressistas em todo o mundo, apelando aos estados e forças regionais a:
– Pôr fim a todos os embargos que afectam as populações — muito mais do que os seus líderes — em várias partes do mundo;
– Cessar as hostilidades e retornar à mesa de negociações para encontrar soluções de paz em benefício das pessoas que sofrem tanto com a destruição e a insegurança, como com a pandemia;
– Desenvolver a cooperação internacional para no imediato generalizar medidas de assistência às populações;
– Agir em conjunto para reorientar o esforço de investigação e as trocas económicas a fim de reduzir as desigualdades, a fome, a doença, a pilhagem dos recursos planetários e para combater as alterações climáticas.
Paris,
13 de Maio de 2020
(distribuído em 23 de Junho)
F M T S – W F S W – C a s e 4 0 4 – 9 3 5 1 4 M O N T R E U I L C e d e x – F r a n c e
T é l.: + 3 3. 1. 5 5 8 2. 8 0 1 4 – F a x. + 3 3. 1. 5 5 8 2. 8 2 3 3 – w w w. f m t s – w f s w. o r g
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COMENTÁRIO DOS EDITORES DO SITE
A questão dos embargos e sanções é multifacetada. Não ignoram a ciência e o trabalho científico. Grandes editoras dão o exemplo. Procura publicar um artigo, transmitir uma contribuição que entende ser valiosa? Tenha em conta as talvez inesperadas restrições que pode encontrar, traduzidas na exigência feita aos autores de assumir compromissos específicos sem qualquer relação com ética ou mérito científico. O exemplo abaixo, que compromete uma das principais editoras científicas do mundo, é elucidativo. (sublinhados nossos)
“Author Representations / Ethics and Disclosure / Sanctions”
“I affirm the Author Representations noted below, and confirm that I have reviewed and complied with the relevant Instructions to Authors, Ethics in Publishing policy, Declarations of Interest disclosure and information for authors from countries affected by sanctions (Iran, Cuba, Sudan, Burma, Syria, or Crimea)”.
E, ainda:
“If I and/or any of my co-authors reside in Iran, Cuba, Sudan, Burma, Syria, or Crimea, the Article has been prepared in a personal, academic or research capacity and not as an official representative or otherwise on behalf of the relevant government or institution.”
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