Portugal e o Mar. A contribuição da Ciência
No passado dia 7 de Dezembro teve lugar a Mesa-Redonda de Outono promovida pela Organização dos Trabalhadores Científicos, que tratou da contribuição da ciência para o conhecimento, o aproveitamento mas também a salvaguarda do que respeita ao vasto potencial dos recursos do mar, em todas as suas vertentes, bem como aos desafios inerentes à sua exploração.
Entendemos ser importante reflectir e debater tudo o que diz respeito à temática do mar, sem dúvida de reconhecida importância e actualidade e merecedora de uma abordagem multidisciplinar numa perspectiva alargada.
Com efeito, Portugal é um país tradicionalmente ligado ao mar e virado historicamente para o oceano. Para esse facto contribui uma linha costeira com cerca de 2500 km de extensão e uma Zona Económica Exclusiva de 1,7 milhões de km2, de facto uma das maiores do mundo, equivalente a cerca de metade da totalidade das águas dos estados membro da UE. É neste contexto que o processo em curso, junto das Nações Unidas, de extensão da plataforma continental para além das 200 milhas náuticas, coloca novos desafios ao nível da exploração dos recursos marinhos geológicos e biológicos, bem como da responsabilidade sobre a sustentabilidade, protecção, conhecimento e defesa dos recursos do mar. Por outro lado, existem sectores emergentes, como a biotecnologia azul, as energias renováveis oceânicas ou a robótica marinha que oferecem um grande potencial nos planos económico e estratégico, contribuindo para o desenvolvimento nacional da economia azul.
Importa sublinhar que, como foi abundantemente demonstrado nas exposições dos oradores convidados, o sector nacional da I&DE contribui actualmente para o desenvolvimento das ciências do mar através de diversos centros e infraestruturas de investigação. Existem actualmente seis centros de I&DE dedicados a assuntos do mar, vários outros centros com linhas Mar e três laboratórios colaborativos dedicados à temática em questão.
Tem assim todo o sentido reflectir e debater tudo o que diga respeito ao vasto potencial dos recursos do mar, em todas as suas vertentes, bem como os desafios inerentes à sua exploração.
Na Mesa-Redonda, coordenada por Ana Maria Silva, Universidade de Évora e OTC, intervieram quatro destacados membros da comunidade científica nacional. Pedro Madureira, da Universidade de Évora e membro do Instituto de Ciências da Terra, abordou o tema da “Plataforma continental de Portugal: desafios e oportunidades”. Seguiu-se-lhe o Prof. António Sarmento (IST), fundador e presidente da direcção da WavEC Offshore Renewables, que fez o ponto da situação no que respeita ao “(…) desenvolvimento das energias renováveis oceânicas em Portugal e sua contribuição para o desenvolvimento do País”. Interveio a seguir o Prof. José Lino Costa, da Faculdade de Ciências de Lisboa, Investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) e coordenador da Rede Portuguesa de Monitorização Costeira (CoastNet), que tratou a problemática da “Exploração e gestão de recursos marinhos”. Por fim interveio o Doutor António Marques, investigador do Instituto Português do Mar e da Atmosfera e também do CIIMAR (Univ. do Porto), que falou sobre “Soluções eco-inovadoras no processamento de pescado”.
Quem seguiu as intervenções presencialmente ou à distância, pois a sessão foi uma vez mais realizada em modo híbrido, concordará que foram particularmente informativas e transmitiram um retrato da situação actual nas várias áreas tratadas e dos caminhos que se abrem a futuros desenvolvimentos nos planos da Ciência e da Tecnologia que respeitam a cada uma dessas várias áreas. Às intervenções seguiu-se um animado debate com membros da assistência do que dá sinal o ter-se prolongado para lá do tempo previsto para a sessão.
A sessão decorreu, como tem sido habitual, no Auditório Professor Adérito Sedas Nunes, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, gentilmente cedido pela Direcção deste Instituto, à qual a OTC manifesta o seu reconhecimento. A sessão foi gravada (som e vídeo). O vídeo está disponível no canal Youtube da OTC e é também possível aceder-lhe ao fundo desta página.
Como nota final importa dizer que ao contrário do que é habitual, se verificaram alguns problemas técnicos no processo de gravação que procurámos superar recorrendo às imagens projectadas pelos oradores no decurso das respectivas intervenções. Assim quase nada se perdeu do conteúdo expositivo das intervenções.
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