ACADEMIA PORTUGUESA E TEORIA DA RELATIVIDADE

 Einstein (1924). Leonid Pasternak,Óleo sobre tela  © The Pasternak Trust (www.pasternak-trust.org)

A Academia Portuguesa
e a Teoria da Relatividade Generalizada
no período entre guerras

Augusto José dos Santos Fitas

1.Introdução  

No Portugal do período entre guerras, a Teoria da Relatividade, quer a Restrita quer a Geral (ou Generalizada), não passou despercebida e foi alvo de referência e de alguma reflexão. Da análise dos diferentes materiais produzidos percebe-se que a resposta da comunidade académica portuguesa se centrou, sobretudo, nos Matemáticos, especialmente nos praticantes da Física Matemática, e nos Astrónomos. Foi o grupo dos matemáticos e astrónomos, os primeiros a apresentar a nova teoria em programas de disciplinas universitárias e a desenvolver alguma, pouca, investigação, em torno de tópicos matemáticos relacionados com a Teoria da Relatividade Geral (TRG). Foi também no seio deste grupo que se assistiu à expressão pública de posições anti-relativistas.

Sobre a recepção das ideias relativistas em Portugal ― versão Restrita ou Generalizada ― já se escreveram diversos textos, enfatizando, em particular, a sua componente filosófica (responsável pelo novo quadro das noções de espaço e tempo) bem como as suas repercussões no meio cultural português   [1].

Cumpre-se este ano um centenário sobre a data da apresentação pública pelo seu autor, Albert Einstein (1879-1955), da Teoria da Relatividade Geral e é para assinalar esta efeméride que se escreve este texto, expondo alguns dos traços mais relevantes da recepção desta teoria pela comunidade académica e científica portuguesa. Não é a primeira vez que esta  matéria é abordada e sobre ela, além dos trabalhos citados anteriormente,  sem a preocupação de exaurir o conjunto do que foi produzido, podem também indicar-se outros artigos[2].

2.De «o pensamento mais feliz da minha vida» até à observação do eclipse de Maio de 1919 ou expedição à Ilha do Príncipe

No outono de 1907, Einstein, dois anos após o seu annusmirabilis e ainda um  modesto técnico de 2ª classe da Repartição de Patentes da Suíça, em Berna, recebeu uma carta de Johannes Stark (1874-1957), editor da importante revista científica alemã, Jahrbuch der Radioaktivität und Elektronik, pedindo-lhe que escrevesse um artigo de revisão geral sobre a Teoria da Relatividade.  Foi neste artigo que Einstein se viu compelido a reflectir sobre algumas modificações da gravitação newtoniana, no sentido de conseguir a sua adequação aos fundamentos da relatividade restrita, dedicando a última secção deste seu texto ao Princípio da Relatividade e Gravitação; é aqui que lhe ocorre aquilo que, uns treze anos depois, designará como «o pensamento mais feliz da minha vida» ― «para um observador que cai livremente do telhado de uma casa não existe (…) campo gravitacional» ―, calculando o «encurvamento dos raios luminosos pelo campo gravítico»[3], resultado que viria mais tarde a ser uma das comprovações observacionais da Teoria da Relatividade Geral (TRG).

Em 1911, já catedrático da Universidade de Praga, Einstein retomou o tema da última secção do seu artigo de 1907 e publicou nos Annalen der Physik o artigo, Sobre a influência da gravidade na propagação da luz[4]; a terminar o artigo sublinhava o valor calculado para a deflexão de um raio de luz  junto do Sol, bem como  um cálculo análogo no caso da atracção ser provocada pelo planeta Júpiter. Em princípios de 1912, agora professor da escola que o formara, Eidgenössische Technische Hochschule Zürich (Instituto Politécnico de Zurique), Einstein iniciou uma importante colaboração com o seu grande amigo, o matemático Marcel Grossmann (1878-1936)[5],também professor na mesma escola, que o conduzirá à formulação matemática da TRG. Foi Grossmann que apresentou a Einstein a geometria de Riemann e o cálculo tensorial desenvolvido pelos matemáticos italianos  Ricci-Curbastro (1853-1925) e Levi-Civita (1873-1941). Em Abril de 1914, Einstein passou a ocupar uma cátedra na Universidade de Berlim e, ano e meio depois (Novembro de 1915), publicou nos Anais da Academia Real das Ciências da Prússia quatro memórias, intitulando-se a última  As equações de Campo da Gravitação. Nela se expunha a formulação completa da TRG. Na penúltima memória foram apresentados dois resultados de importantíssimas consequências: primeiro, explicar um facto, até aí inexplicável à luz da teoria da gravitação newtoniana (a precessão do periélio do planeta Mercúrio), cujo valor observado era de 45”±5 por século e Einstein calculava-o teoricamente como 43” por século, o que correspondia a uma excelente confirmação da sua teoria; o segundo dizia respeito à correcção do valor da deflexão do raio luminoso junto ao Sol que deveria ser 1,7” e não os  0,83” calculados em 1911. Em 1911, após o resultado que então calculara, Einstein lançou um desafio aos astrónomos e, entre esse ano e o eclipse solar de 1919, houve três possibilidades de confirmar a TRG com base em observações astronómicas, o que, por vicissitudes várias não foi conseguido: em 1912, no Brasil, com a presença de Sir Arthur Eddington (1892-1944), em Agosto de 1914, no sudoeste da Rússia, com Erwin Freundlich (1885-1964) e uma equipa americana,  em 1916, na Argentina.

No Portugal do primeiro quartel do século XX, nas publicações científicas existentes ― revistas para onde os professores portugueses, físicos, matemáticos e astrónomos, canalizavam grande parte da sua colaboração ― as referências à Relatividade Geral são praticamente inexistentes, com excepção de um artigo, aparecido em Dezembro de 1917 em O INSTITUTO, assinado por um matemático, professor de astronomia da Universidade de Coimbra, Francisco Costa Lobo (1864-1945). Nesta nota, chamando à colação um artigo do professor T.J.J. See (1866-1962), de Montgomery (Missouri), referia-se o trabalho de Einstein sobre a TRG que, tal como escreve o astrónomo português, era capaz de explicar o movimento do periélio de Mercúrio e de admitir a curvatura dos raios luminosos na vizinhança do Sol. Apesar deste resultados, Costa Lobo exprime a sua perplexidade, pois «na teoria vaga e quimérica de Einstein, a gravitação não é uma força, mas sim uma propriedade do espaço!»[6], não se coibindo de, algumas linhas depois avançar com uma outra teoria explicativa da gravitação. É fácil adivinhar as posições anti-relativistas do autor. Pelo que expõe, e pela completa ausência de quaisquer outras referências, percebe-se que o conhecimento que tem dos trabalhos de Einstein deriva unicamente da leitura do artigo do professor americano que era um fervoroso anti-relativista e no início da década de vinte escreveu sobre uma «Nova teoria do Éter»[7]Estas são, tanto quanto se conhece, as únicas referências directas à TRG anteriores a 1919, isto é, antes da sua confirmação astronómica com base nos dados colhidos pelos dois grupos que constituíam a expedição promovida pela Royal Astronomical Society para observação do eclipse solar desse ano. A um destes grupos de observação esteve associado  Portugal, pois a equipa de astrónomos chefiado por  Eddington realizou as suas observações numa ilha equatorial administrada pelo estado português, a Ilha do Príncipe ― um dos locais de observação óptima para a escassa meia dúzia de minutos que durava o fenómeno. Neste grupo, por dificuldades várias, não esteve incluído qualquer astrónomo português, apesar das insistentes tentativas em se lhe juntar de Manuel Peres (1888-1968), na época director do observatório de Lourenço Marques (actual Maputo) que, além de estar familiarizado com a língua inglesa, encontrava-se em férias no continente, o que facilitaria o seu embarque[8]. O país anfitrião do outro grupo foi o Brasil, na localidade do Monte do Sobral, e aqui, ao contrário de Portugal, uma equipa de astrónomos brasileiros, além de efectuar as suas próprias observações, acompanhou de perto os trabalhos da expedição inglesa que era chefiada pelo astrónomo  Andrew Crommelin (1865-1939)[9]do observatório de Greenwich.

A expedição inglesa, antes de se dirigir para a Ilha do Príncipe e para o Brasil, passou pela capital portuguesa e visitou o Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), este foi o único contacto pessoal entre os astrónomos ingleses e portugueses, já que, depois da expedição a equipa inglesa voltou a contactar o observatório lisboeta para o qual enviaram, por carta e  em Agosto de 1919, «as ampliações em papel registadas no dia do eclipse»[10]. A expedição à Ilha do Príncipe, em particular a sua relevância para a confirmação da nova teoria, foi objecto de notícia na primeira página do jornal O SÉCULO de 24 de Maio; o mesmo diário publicará a 15 de Novembro uma outra notícia,  oriunda de Paris ─A Luz Pesa ─ onde dava conta do sucesso da expedição inglesa perante os resultados da observação do eclipse na Ilha do Príncipe e no Monte do Sobral.

De acordo com o relatório publicado pela expedição inglesa[11], sabe-se terem existido contactos prévios preparatórios dos trabalhos, com os astrónomos portugueses, nomeadamente Campos Rodrigues (1836-1919) e Frederico Oom (1864-1930). Dois anos antes, em 1917, Frederico Oom escrevia, num artigo sobre a qualidade de observação do futuro eclipse na Ilha do Príncipe, «(…)é provável que essa formosa ilha seja escolhida, como estação adequada, por muitos dos astrónomos que a esses fenómenos especialmente consagram a sua atenção, e que não deixarão perder esta nova e relativamente rara oportunidade de utilizar os seus aparelhos e inventos já experimentados, ou de ensaiar outros novos.»[12] As palavras são reveladoras do interesse efectivo na observação do fenómeno, todavia não foi possível que um astrónomo português acompanhasseo grupo chefiado por Arthur Eddington.

O sucesso das  observações astronómicas na verificação da TRG colocou o seu criador nos cumes da fama e da atenção que lhe serão prestadas por todo o mundo culto e, em particular, pela comunidade científica internacional. Na memória de 4 de Novembro de 1915 ― Sobre a Teoria da Relatividade Generalizada ― Einstein sublinhava que o êxito na descoberta das equações escritas corresponde a «um verdadeiro triunfo dos métodos de Cálculo Diferencial Absoluto fundado por Gauss, Riemann, Cristoffel, Ricci e Levi-Civita». Eis um reconhecimento que poderá explicar, a par da pesadíssima utensilagem matemática utilizada na sua construção teórica, porque é que a TRG vai suscitar maior interesse junto dos matemáticos do que dos físicos. E, além dos matemáticos, também dos astrónomos devido fundamentalmente aos desafios que o criador da teoria lhes lançara de modo a sustentar a sua validação. Relembre-se que em alguns países, a Física Teórica ou, em alternativa, o estudo dos seus métodos e consequente aperfeiçoamento da sua estrutura matemática, a Física Matemática, era sobretudo objecto de trabalho e ensino por parte dos matemáticos. Os físicos reservavam para si o trabalho de experimentação laboratorial, daí que a sua adesão às ideias relativistas fosse lenta e reticente. Apesar de em Portugal não haver investigação científica associada ao ensino universitário, o quadro existente reflectia esta tendência  geral o que justifica que fosse também no seio dos matemáticos portugueses que a nova teoria tivesse claramente um maior eco.

  3. A década de vinte: observações astronómicas e um curso singular

Foi no ano de 1921 que se iniciaram os Congressos Luso-Espanhois para o Progresso das Ciências, realizando-se o primeiro na cidade do Porto[13]. A conferência inaugural da secção de Matemáticas foi proferida por José Maria Plans y Freire (1878-1934)[14]. Nesta palestra afirmava o matemático espanhol que a Relatividade «era o acontecimento científico de maior transcendência na actualidade», sublinhando ainda «os grandes serviços que à teoria da relatividade e da gravitação, prestaram, através da escola italiana de Ricci e Levi-Civita, o cálculo diferencial absoluto[15]Pela primeira vez, em Portugal, um cientista estrangeiro fazia uma conferência científica onde expunha os fundamentos da Teoria da Relatividade Geral.

A atenção e o entusiasmo com que alguns matemáticos portugueses olharam para a nova teoria, podem ser ilustrados de uma forma sucinta, e expressiva, por dois acontecimentos que se relatam em seguida.

O primeiro diz respeito a uma comunicação intitulada “L’enseignement des mathematiques doit être orienté pour l’étude de la Relativité”[16], a ser apresentada ao VII Congresso Internacional de Matemática realizado no ano de 1924 em Toronto, cuja tradução foi publicada posteriormente e onde se lê,  «esta comunicação, ao que nos consta, não pode ser presente ao mesmo Congresso, por ter chegado tardiamente às mãos do delegado português, sr. Dr. Costa Lobo.»[17]O autor era Augusto Ramos da Costa (1865-1939), oficial de marinha, especialista em hidrografia, catedrático de Astronomia e Navegação na Escola Naval e de Topografia e Geodesia na Escola do Exército, um entusiasta da relatividade cuja divulgação já ensaiara em dois opúsculos[18]. O segundo facto prende-se com a dissertação de doutoramento em matemática apresentada à Universidade de Lisboa em 1925 por Vítor Hugo de Lemos (1894-1959) que, apesar do caracter estritamente matemático do trabalho, escreveu no prefácio: «Posta assim a importância do conhecimento do cálculo tensorial para o estudo da teoria geral da relatividade, justificaremos a apresentação deste estudo pelo desejo de concorrermos para aumentar o número dos que, entre nós vêem discutindo com conhecimento, o valor cientifico das teorias de Einstein.»[19] Se, por um lado, pretendia subordinar-se o ensino da matemática às necessidades requeridas pela teoria einsteiniana, por outro, as mesmas necessidades justificavam o estudo sobre determinados temas matemáticos…

Também os astrónomos do OAL se interessavam por desenvolver práticas de observação  conducentes à confirmação de alguns resultados da TRG. Melo e Simas (1870-1934) dava nota: «Satisfazendo um pedido feito pelo Astronomische Nachrichten tentei, no Observatório Astronómico de Lisboa, a observação da ocultação da estrela Washington 5478 (B.D.-q4.4045) pelo planeta Júpiter no dia 7 de Março de 1923.»[20] Os estudos teóricos previam um desvio de 0,02” e, sobre os resultados das suas observações astronómicas, concluía o astrónomo português que «são conformes em mostrar uma certa tendência no sentido apontado pela teoria da relatividade», embora reconhecesse que as incertezas existentes tornavam «a observação de valor realmente muito discutível para efeitos da verificação da teoria.» Melo e Simas, um republicano militante, destacou-se no seu empenho na popularização científica, especialmente em conferências e cursos na Universidade Livre sobre temas ligados à Astronomia  e à Relatividade.

Alguns matemáticos desalinhavam manifestamente desta adesão científica às teorias de Einstein. No segundo Congresso Luso-Espanhol para o Progresso das Ciências, ocorrido em Salamanca no Verão de 1923, Costa Lobo proferiu uma conferência, onde aproveitou a ocasião para explanar uma teoria sua, declarando que a Relatividade era «uma doutrina interessante derivada por cálculos admiráveis, mas sem interesse para o mundo físico.»[21] A exemplo de tomadas de posição em outras reuniões científicas, onde já afirmara que a teoria de Einstein era uma «moda» matemática[22], este professor não escondia a sua oposição em relação às ideias relativistas.

Foi numa das disciplinas da  licenciatura de Matemática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa  que a Teoria da Relatividade foi exposta pela primeira vez nas ardósias dos anfiteatros universitários. No ano lectivo de 1922-23, a cadeira de Física Matemática, ministrada por António dos Santos Lucas (1866-1939), foi preenchida completamente com um curso sobre a Relatividade Restrita e Geral. No Museu de Ciência da Universidade de Lisboa existe uma transcrição deste curso (dois volumes) feita por um dos alunos que a ele assistiu[23]O segundo tomo do curso é dedicado à TRG e é constituído por três partes: Introdução ao Cálculo Tensorial,  Teoria da Relatividade Generalizada, Confirmações da Teoria. Da Relatividade Geral constam três capítulos, «O campo de Gravitação», «O Princípio da Relatividade Geral» e a «Dinâmica de Einstein». No que diz respeito às Confirmações da Teoria tratam-se três temas que correspondem, respectivamente, ao movimento do periélio de Mercúrio, ao desvio da luz pelo campo gravítico e ao deslocamento para o vermelho das riscas espectrais; cada um destes fenómenos é estudado de uma forma completa, havendo a preocupação de apresentar os resultados das várias observações que confirmam a nova teoria ― fazendo menção aos resultados obtidos quando das observações do eclipse de 1919 (Ilha do Príncipe) e Setembro de 1922, na Austrália. No final do manuscrito é apontada uma lista de «Livros Consultados» que é constituída maioritariamente por edições em língua francesa e, junto de cada uma das referênciasestá um comentário de apreciação. A obra destacada sobre TRG, cujo comentário é «os melhores de todos» ou «os Livros dos Mestres que todos devem ler», é da autoria de Eddington, referenciada na sua edição francesa[24]. De Einstein aparecem referidas, também em edição francesa, três brochuras: «La Theorie de la Relativité», «L´étheret la theorie de la relativité» e «La Géometrie et l’expérience». Os trabalhos do astrónomo holandês W. de Sitter  «On Einstein’s theory of gravitation and its astronomical consequences» estão também presentes.

4. Trabalhos de investigação e provas académicas

No que diz respeito à pesquisa científica realizada em Portugal sobre a TRG e matérias afins é justo referir em primeiro lugar o artigo já citado de Melo e Simas que pode ser considerado como o resultado de uma tentativa peculiar, individual e sem continuidade, de investigação, no domínio da observação astronómica, embora os resultados alcançados sejam negativos, isto é, não permitam tirar quaisquer conclusões que confirmem a teoria.

Além desta tentativa, e até à década de quarenta, os únicos trabalhos de investigação associados à TRG debruçaram-se sobre as suas bases matemáticas, nomeadamente a geometria diferencial, destacando-se aí o matemático Aureliano Mira Fernandes (MF) (1884-1958)[25], licenciado e doutorado pela Universidade de Coimbra, professor catedrático do Instituto Superior Técnico desde a sua fundação, responsável pelo  ensino da Mecânica Racional[26]. Em 1927 apresentou um trabalho onde se manifesta o seu interesse pela TRG[27]  e, a partir de 1928, os resultados que foi alcançando apareceram nos Rendiconti da Academia dei Lincei; até 1938 publicou nesta prestigiada revista italiana 17 artigos sobre este  tema. MF estava em contacto com o matemático italiano Levi-Civita, catedrático em Roma, e foi por seu intermédio que as suas comunicações foram  expostas na academia italiana; a relação epistolar entre os dois matemáticos, sobretudo as cartas que chegaram a Levi-Civita, já foram objecto de estudo[28]. Nas comunicações de 1932 e 1933[29] «desenvolve e generaliza uma teoria unitária inicialmente proposta por Infeld e Straneo». Esta “Teoria Unitária de Mira Fernandes” foi citada, entre outras publicações, no Tratado de Relatividade Geral de Synge (1960).»[30]A qualidade da investigação de Mira Fernandes e a sua projecção internacional, levaram a que Aniceto Monteiro (1907-1980) ―matemático,  bolseiro português doutorado em Paris no ano de 1936 e fundador  da PORTUGALIAE MATHEMATICA (revista científica internacional editada em Portugal) ―incluísse, no volume I (2ª parte) desta revista,  a reimpressão dos trabalhos de Mira Fernandes publicados,entre 1928 e 1937, nos Rendiconti.

Nas provas académicas é obrigatório mencionar o caso do matemático Manuel dos Reis (1900-1992) que na dissertação para o concurso a professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra no ano de 1933[31] trata O Problema da Gravitação Universal,  monografia onde se expõe a TRG de  Einstein.  Segundo alguns autores este trabalho constitui «o livro mais completo que se escreveu em Portugal sobre a Relatividade e a gravitação»[32]e talvez o único feito até hoje por um autor português. A exposição é composta por sete capítulos: introdução, teorias pré-relativistas da gravitação, prolegómenos à teoria da relatividade especial, bases e resultados gerais da teoria da relatividade especial,  princípios da dinâmica analítica relativista,  teorias relativistas da gravitação,  relatividade geral e teoria da gravitação de Einstein. Manuel dos Reis inclui referências aos trabalhos de Abraham e Nordström, autores contemporâneos de Einstein e que também estudaram as implicações da teoria da relatividade restrita e da gravitação. Em todo o texto de O Problema da Gravitação Universal, a grande maioria  das referências utilizadas são em língua alemã,  mostrando o autor que está a par dos principais textos de revisão publicados neste idioma[33] e  a principal referência é a colectânea dos trabalhos seminais sobre Relatividade[34] que será publicada cinquenta anos depois em português com  prefácio do próprio Manuel dos Reis. Embora sem fazer quaisquer referências às observações do eclipse de 1919, o autor termina o seu texto com o parágrafo seguinte: «Em conclusão, a teoria de gravitação de Einstein não só é a mais satisfatória sob o ponto de vista filosófico, mas é a única que a observação da natureza parece confirmar suficientemente».

5.   5. Cronologia de uma teia muito ténue de relações internacionais em torno da Relatividade

Assinale-se, como se  escreveu anteriormente, que foi no ano de 1921 ― ano em que, na cidade do Porto, se iniciaram os Congressos Luso-Espanhóis para o Progresso das Ciências ― que a conferência  de Plans y Freire  inaugurou a apresentação académica pública em Portugal da TRG. Esta palestra, na ausência de contactos regulares entre os matemáticos portugueses e  estrangeiros estimulou, muito provavelmente, os matemáticos nacionais a contactarem com as teorias de Einstein, bem como com a investigação matemática feita em torno desta teoria.

Em 1923 Einstein esteve na vizinha Espanha[35], uma visita de cerca de duas semanas, proferindo conferências científicas nas cidades de Barcelona, Madrid e Saragoça, sendo, ao mesmo tempo, alvo de uma deferência especial dos poderes públicos e de bastante atenção da imprensa. A iniciativa desta visita ficou a dever-se a  contactos directos entre cientistas espanhóis e o próprio  Einstein com o apoio do Ministério de Instrução Pública.   Blas Cabrera (1878-1945), catedrático de Física em Madrid, estagiou no Politécnico Zurique (laboratório de Peter Weiss), onde, em 1912, Albert Einstein era professor de Física Teórica e muito provavelmente terão contactado. A presença do criador da Relatividade no país vizinho parece, apesar dos contactos regulares com os colegas espanhóis (já em marcha nos Congressos Luso-Espanhóis para o Progresso das Ciências),não ter sido do conhecimento dos professores portugueses. O efeito desta visita em Espanha foi importante, ao ponto de em 1933, ano em que Hitler sobe ao poder  e Einstein  abandona a Alemanha, o governo da República Espanhola o convidar para professor catedrático em Madrid. Também Levi-Civita fez em Espanha (Janeiro-Fevereiro de 1921, ano do primeiro Congresso Luso-Espanhol para o Progresso das Ciências) várias conferências com o título geral de Questões sobre a Mecânica Clássica e Relativista; mas tanto quanto se saiba também nenhum professor português por lá passou.

Passados dois anos (1925), Einstein recebeu um convite, por parte da comunidade judaica, para se deslocar à América Latina, visitou o Brasil, a Argentina e o Uruguai.  Foi nessa viagem que este físico teve o único contacto com  terra portuguesa: o navio em que se deslocava fez escala em Lisboa, onde o cientista aproveitou para dar um passeio, conhecendo-se algumas suas referências «às varinas de Lisboa»[36]. Durante a presença de Einstein no Brasil, em artigo publicado num jornal do Rio de Janeiro, o Almirante Gago Coutinho (1869-1959), ouvinte atento e destacado das suas conferências na capital brasileira, fez saber que «o eclipse de Sobral não confirmou como não destruiu o Princípio da Relatividade»[37]. Em 1926 a revista O INSTITUTO publicou um artigo do almirante intitulado «Tentativa de reinterpretação simples da Teoria da Relatividade Restrita»[38], onde contestava a teoria einsteiniana e não sofreu qualquer refutação por  parte da comunidade universitária portuguesa; a sua publicação talvez se tenha ficado a dever à cumplicidade anti-relativista de Costa Lobo, então director da revista coimbrã. Costa Lobo e Gago Coutinho são talvez as duas figuras académicas mais proeminentes que exibem publicamente as suas posições anti-relativistas.

Em dezembro de 1929, quando do III Jubileu da Academia de Ciências de Lisboa,  deslocou-se a Portugal sob a égide do Instituto Francês de Portugal, enquanto  representante do Collège de France nas cerimónias comemorativas, o físico Paul Langevin (1872-1946). A sua presença foi aproveitada para a realização de conferências nas Universidades de Lisboa, Coimbra e Porto. Na sequência desta visita, ocorreu na capital portuguesa uma interessante exposição promovida pela Biblioteca Nacional e inaugurada em Abril de 1930 que «esteve prevista para abrir mais cedo, entre 5 e 15 de Dezembro de 1929, coincidindo com a estadia de Paul Langevin no nosso país.»[39]Na apresentação do seu catálogo, o Director da instituição organizadora escrevia que, nos materiais expostos, «figuram os nomes prestigiosos de Einstein, Poincaré, Langevin, Broglie, Bouasse, Cartan, Schrodinger, Whitehead, Bertrand Russell, Jeans, Planck, Sommerfeld, Bohr, Levi-Civita, Enriques, Eddington, Klein, Weyl, Minkowski, Lorentz, etc., para só falar de alguns -não todos- dos mais ilustres». Como se percebe, a  Relatividade é um tema científico que ocupava uma posição relevante e, a título de exemplo, na secção designada por «Teoria da relatividade e suas bases matemáticas» constam cinco memórias de Mira Fernandes publicadas nos Rendiconti.

Gago Coutinho que, em lugar de destaque, já ouvira Einstein no Brasil, assistia, agora em Lisboa, também em lugar de destaque, às conferências de Langevin e foi, por certo, um dos ouvintes mais atentos já que, sobre o que ouvira, escreveu na revista Seara Nova[40], onde reiterava as suas posições anti-relativistas já defendidas no Brasil e também já dadas a conhecer n’ O INSTITUTO.  Se este último escrito não suscitou qualquer reparo da parte dos académicos portugueses, a Seara Nova, ao publicar as opiniões do almirante, sujeitou-as à apreciação científica de um matemático, Manuel dos Reis, que se posicionou num desacordo completo e absoluto em relação às opiniões expressas pelo almirante. Mencione-se que na «Exposição de Física» da Biblioteca Nacional se mostrava o primeiro artigo anti-relativista de Gago Coutinho publicado na Seara Nova, não sendo reservado igual tratamento para a crítica de Manuel dos Reis.

Apesar destas diatribes públicas em torno da Relatividade, Mira Fernandes, como membro da Academia das Ciências, apresentou uma proposta, aprovada na sessão de 17 de Março de 1932 da Academia de Ciências de Lisboa, em que se nomeiam Einstein e Levi-Civita como seus sócios correspondentes. Conhece-se a carta de agradecimento endereçada por Einstein, está nos Arquivos da Academia e parece ter sido o único contacto efectivo entre o criador da Relatividade e uma instituição portuguesa.

6. Nota final sobre a imprensa cultural e as ideias relativistas

No início chamou-se a atenção para o facto de ter sido na vertente filosófica que as intervenções sobre a Relatividade mais se fizeram sentir na vida cultural portuguesa e os artigos publicados no jornal O Diabo são disso um exemplo. Este jornal que se publicou entre 1934 e 1940, assumindo-se como «tribuna elevada de crítica à vida do Pensamento Português», contava, entre os seus colaboradores, com alguns cientistas, e homens de cultura, conhecidos, Aurélio Quintanilha, Bento de Jesus Caraça, Manuel Valadares, Abel Salazar e Rui Luís Gomes. Em 1936, O Diabo começou a publicar um conjunto de artigos sobre o neopositivismo, cerca de cinquenta, que constituiu uma espécie de curso introdutório à filosofia da Escola de Viena, o Pensamento Positivo Contemporâneo[41], cujo autor era o professor universitário portuense Abel Salazar (1889-1946)[42]. Temas muito caros à física contemporânea aparecem como grandes títulos das páginas deste jornal e, como não podia deixar de acontecer, o décimo sétimo título rezava assim: «De como um elevador, um arranha-céus, vai introduzir o leitor na Teoria Geral da Relatividade». Anteriormente já escrevera sobre Relatividade Restrita  e as geometrias não-euclidianas…

Relembre-se que a Teoria da Relatividade, quer a Restrita quer a Generalizada, foi considerada como um importante pilar para os fundamentos do neopositivismo, em primeiro lugar pela sua postura anti-kantiana (negando o espaço e o tempo absolutos da física newtoniana) e, em segundo lugar, pelo seu papel exemplar na concepção e confirmação de uma teoria científica. Por estas razões, e no fervor do seu proselitismo em prol da Escola de Viena, Abel Salazar entendia, como um dos seus objectivos, encetar uma campanha de vulgarização dos conceitos científicos, em particular da Teoria da Relatividade[43], que ajudasse à compreensãodas novas ideias filosóficas. E sobre a imaginada viagem elevatória, escrevia o professor portuense: « (…) Ao sair da sua caixa. se fosse interrogado sobre o que sucedeu, o leitor não saberia dizer outra coisa senão que se sentiu, bruscamente, ora aumentar, ora diminuir de peso.»[44]Eis como, de um modo sugestivo e sucinto, se  procurou, em escassas linhas, passar ao leitor uma ideia chave para a Relatividade Generalizada e que Einstein, em Janeiro de 1920, classificou como o «pensamento mais feliz da minha vida[45]».



Augusto José dos Santos Fitas é Professor de Física e História e Filosofia da Ciência, da Universidade de Évora (aposentado), e investigador do seu IHC-cehfci .
O texto que publicamos, por amável deferência do Autor, foi dado a público na revista Vértice, nº178, pp.56-67 (2016)
A selecção e inserção no texto original das imagens e legendas é da responsabilidade da OTC.

[1]GAGEAN, D.L. and LEITE, M. Costa (1992).General Relativity and Portugal: a Few Pointers Towards Peripheral Reception Studies. In J. Einsentaedt and J. Kox (eds.). Studies in the History of General Relativity.Boston: Birkhauser, 3-14. FITAS, A.J. (2003).Nota histórica sobre a teoria da relatividade  em Portugal na década de trinta. InSeminário sobre Ciência em Portugal na primeira metade do século XX. Évora: Universidade de Évora-CEHFC, 209-242.FITAS, A.J. (2004).A Teoria da Relatividade em Portugal no período entre guerras. Gazeta de Física, 27(II): 4-10.FITAS, A.J.  (2005).A Teoria da Relatividade em Portugal (1910-1940).In C.Fiolhais, Einstein entre nós- A recepção de Einstein em Portugal de 1905 a 1955. Coimbra: Imprensa da Universidade, 15-42.FITAS, A.J. (2005).The Portuguese Academic Community and the Theory of Relativity.e-Journal of Portuguese History (e-JPH), 3(2). FITAS, A.J., RODRIGUES, Marcial. E., NUNES, M. Fátima (2008). Filosofia e História da Ciência em Portugal no século XX. Lisboa: Caleidoscópio.

[2]MOTA,  E., SIMÕES, A., CRAWFORD, P. (2005). Einstein em Portugal: o primeiro teste da teoria da relatividade geral e o seu impacto na comunidade científica nacional.In C. Fiolhais, Einstein entre nós- A recepção de Einstein em Portugal de 1905 a 1955. Coimbra: Imprensa da Universidade, 43-56. MOTA,  E. (2006). A Expedição ao Principe de 1919. Apropriação da Relatividade na comunidade de Astrónomos Portugueses (1917-1930). TESE de Mestrado FCUL. CRAWFORD, P., SIMÕES, A., (2009). O eclipse de 29 de Maio de 1919. A. S. Eddington e os astrónomos do Observatório da Tapada. Gazeta de Física 32 (2,3): 22. MOTA,  E., SIMÕES, A., CRAWFORD, P. (2009). Einstein in Portugal: Eddington’s expedition to Principe and the reactions of Portuguese astronomers (1917–25). British Journal for the History of Science 42 (2): 245-273. LEMOS, J.P. Sande (2011). Mira Fernandes e a introdução da teoria da relatividade geral em Portugal. Gazeta de Física, 34(2): 27-50.

[3]EINSTEIN, A. (1995). The Collected Papers of Albert Einstein, vol.2 (English Translation). Princeton: PrincetonUniversityPress, 310

[4]InLORENTZ, H., EINSTEIN, A. e MINKOWSKI,H. (1971). O Princípio da Relatividade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. A edição portuguesa é prefaciada por Manuel dos Reis e a tradução dos textos (originalmente em alemão) é de Mário Saraiva.

[5]Uma amizade que nasceu quando colegas de estudo na Escola Politécnica de Zurique e que levou Einstein a dedicar-lhe em 1905 a sua tese de doutoramento.

[6] LOBO, Costa (1917).Explicação Física da Atracção Universal. O INSTITUTO, 64(12): 611-613, 611.

[7] CRELINSTEN, J. (2006). Einstein’s Jury/ the race to test Relativity. Princeton: Princeton University Press,  98-101.

[8] MOTA, 2006: 100.

[9]Einsenstaedt, J. , VIDEIRA,  António A.P. (1995).  A relatividade geral verificada: o eclipse de Sobral 29/05/1919. InIldeu de Castro Moreira e Antonio Augusto Passos Videira (org.), Einstein e o Brasil (CM-PV). Rio de Janeiro: Editora UFRJ.

[10]MOTA, 2005, 51.

[11] DYSON, Frank W., EDDINGTON, Arthur S. and DAVIDSON, Charles (1920). A Determination of the Deflection of Light by the Sun’s Gravitational Field.RoyalSocietyof London. PhilosophicalTransactions A, 220: 291-333.

[12] OOM, Frederico (1917). O Eclipse total do Sol em 29 de Maio de 1919 visível na Ilha do Príncipe. O INSTITUTO, 64 (2): 97-98.

[13]De 26 de Junho a 1 de Julho de 1921.

[14] Autor de  vários trabalhos sobre a TRG, foi também o tradutor do livro de Eddington, Space-time andGravitation, publicado em Espanha em 1922 (a edição inglesa é de 1920 e a francesa é de 1921).

[15] PLANS y Freire, José Maria (1921). Processo histórico del cálculo diferencial absoluto y suimportancia actual. Madrid: Actas do 1º Congresso Luso-Espanhol para o Progresso das Ciências, 40.

[16]O INSTITUTO, 71(8),  399. 

[17]  COSTA, A. Ramos da (1925).O ensino das matemáticas deve ser orientado para o estudo da Relatividade, Revista de Obras Públicas e Minas, 633: 74-76.

[18] COSTA, A. Ramos da (1921). A Teoria da Relatividade. Lisboa: Biblioteca Nacional.COSTA, A. Ramos da(1923).Espaço, Matéria, Tempo ou a Trilogia Einsteiniana. Lisboa: Imprensa Lucas e Cª.

[19] LEMOS, Victor Hugo de (1925). Cálculo Tensorial. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 2.

[20]SIMAS, Melo e (1926). Ocultação de uma estrela por Júpiter.Jornal de scienciasmathematicasphysicas e naturais, V(jun.):  115

[21] LOBO, F.M. Costa (1923). La Structure de l’Univers. O INSTITUTO, 70 (11): 484.

[22]LOBO, F.M. da Costa (1921). Alocução pronunciada pelo Delegado de Portugal (sessão de encerramento).O INSTITUTO, 67(12): 601.

[23] PINTO, Francisco de Paula Leite (s/d). Apontamento de Física Matemática, FCUL – 1922-23, Lições sobre a Teoria da Relatividade, Doutor António dos Santos Lucas (dois volumes). Consultar: FITAS, 2005.

[24] EDDINGTON (1921). Espace, Temps et Gravitation. Paris: Hermann.

[25] Sobre a importância dos trabalhos de Mira Fernandes no domínio da TRG, consultar: LEMOS, 2011; LEMOS, J. Sande (2010). Unitary theories in the work of Mira Fernandes beyond general relativity and differential geometry.Boletim da Sociedade Portuguesa de Matemática, Número especial AMF, 147-178.

[26]FITAS, A.J. (2010). Mira Fernandes e a investigação científica em Portugal no período entre as duas guerras mundiais. Boletim da Sociedade Portuguesa de Matemática, Número especial AMF: 21-41.

[27] No 4º Congresso Luso-Espanhol para o Progresso das Ciências (Cádiz, 1927) a conferência inaugural da secção de Matemáticas foi proferida por Mira Fernandes onde dissertou sobre a evolução do conceito de espaço,  «as tentativas de geometrização do espaço físico» (Fernandes, A. Mira (1971). Conceitos Geométricos de Espaço. In J. Vicente Gonçalves (ed.). Obras Completas de Aureliano Mira Fernandes, vol. I. Lisboa: Centro de Estudos de estatística Económica do ISCEF, 1-16).

[28] TAZZIOLI, Rossana (2010). Mira Fernandes and Levi-Civita’sschool. Boletim da Sociedade Portuguesa de Matemática, Número especial AMF: 67-88.

[29]Fernandes, A. Mira (1932). Sulla teoria unitariadellospaziofísico. Rendicontidella Real Academia deiLincei, XV, 797-804.Fernandes, A. Mira (1932). Sulla teoria unitariadellospaziofísico. Rendicontidella Real Academia deiLincei, XVII, 227-231.

[30] GAGEAN, 1992, 9.

[31] REIS, Manuel dos (1933). O Problema da Gravitação Universal. Coimbra.

[32]Gagean,1991, 504.

[33]PAULI, W. (1921). Relativitätstheorie. Leipzig.  BECK, G. (1929). Allgemeine Relativitätstheorie. InHandbuch der Physik, Band IV. Berlin.

[34] LORENTZ, H., EINSTEIN, A. e MINKOWSKI, H. (1923). Das Relativitätsprinzip. Leipzig.Consultar nota 2.

[35]GLICK, Thomas F. (1986). Einstein y los españoles – Ciencia y sociedad en la España de entreguerras. Madrid:  Alianza Editorial.

[36] CAFARELLI, Roberto Vergara (1995). Einstein no Brasil. In(CM-PV), 101-136, 109.

[37] «O Jornal», Rio de Janeiro, 6 de Maio de 1925.

[38]COUTINHO,Gago (1926), Tentativa de reinterpretação simples da Teoria da Relatividade Restrita, O Instituto, nos73(3), 73(4), 73(5), pp. 354-374, 540-565, 637-670.

[39] RUA, Fernando B.S. (1997). História da Ciência em Portugal: A exposição de Física da Biblioteca Nacional em 1930. Leituras : Rev.Bibl.Nac., S.3, nº1, 159-168, 161.

[40] COUTINHO, Gago (1930). Será a relatividade em princípio absurda?Seara Nova, 200: 115-123. COUTINHO, Gago (1930). A relatividade ao alcance de todos. Seara Nova, 203: 163-168. 

[41] SALAZAR, Abel (1936). Pensamento Positivo Contemporâneo – I. O Diabo (114).

[42] Professor da Faculdade de Medicina do Porto, artista plástico reconhecido que, por razões políticas, foi afastado compulsivamente da sua cátedra em 1935.

[43]FITAS, A.J. (2012).Abel Salazar e a difusão da teoria da relatividade na Imprensa Cultural Portuguesa. VÉRTICE,162: 41-53.FITAS, A.J(2005). A Cultura Científica na Imprensa Cultural dos Anos Trinta.Afinidades, 2(II série): 111-120.

[44] SALAZAR, Abel (1937). De como um elevador, um arranha-céus, vai introduzir o leitor na Teoria Geral da Relatividade. O Diabo (138).